Descrição
O título, Palavra não é coisa que se diga, dos versos de Ricardo Silvestrin, indica e define o esforço de todo poeta na sua lida com a língua, no desejo de fundir palavra e coisa, gente e palavra, mundo e palavra. Afirma Octavio Paz que a palavra poética quer ser a coisa, e não a sua representação, e que por isso toda poesia é uma espécie de fratura na língua. A poesia questiona, provoca, solicita respostas, envolve, embaraça, comove, perturba, não é neutra. A poesia não é mercadoria, não se compra e não se vende, não se dobra à lógica do mercado ou aos interesses de partido. Não é um elixir de longa vida, não garante um bom emprego, não se pode pôr no currículo. Em nosso mundo desencantado, a poesia parece não ter algum papel ou função, se não a de nos lembrar de que somos humanos. A poesia é a linguagem das margens, das bordas, dos limites e das pontes entre o nosso ser e o mundo, entre o eu e o outro. A poesia é capaz de chegar ao núcleo mais secreto e verdadeiro de nós mesmos, porque é uma forma de conhecimento compósita, capaz de sentir o que pensa e pensar o que sente. Por tudo isso, inventamos este livro, Eduardo Dall Alba e eu, que nasce de um comprido diálogo que fomos tendo e que se alargou a outros amigos-poetas, que aqui estão. Ele estabelece uma ponte, que nos liga e se prolonga, do Rio Grande do Sul até o centro da Itália, na Úmbria, e quem sabe até onde mais.