Descrição
Uma Florbela que nasceu para ser feliz: Todos os contos deste livro têm o sabor de duas querências: a gaúcha e a portuguesa. O que se revela no primeiro conto, quando um cavalo zaino amacia o passo... Quem o monta é Nísia, muitas vezes alter ego da escritora, como nesta tarde que já se declina atrás dos pinheiros, e ela ainda não encontrou o touro fugitivo. É quando uma revoada de lembranças lhe recorda Pedro, o jovem parente português que habitou por meses estes espaços. A autenticidade campeira de Alda Paulina lhe vem da infância e juventude passadas no "Planeta Turvo", naquela fazenda avoenga em que, para citar o poeta Glênio Fagundes, ela apeou do petiço para aprender a caminhar. Anos mais tarde, em Porto Alegre, foi encantada por Portugal, antes de conhecer o país, pelo sotaque e beleza do moço José, destinado a partilhar para sempre sua alma de oceano. Alda Paulina,
contemplando o rosto nas águas do Turvo ou do Tejo, nos devolve sempre o reflexo de uma mulher que nasceu para a arte de escrever. De tal forma que não é raro, no presente livro, sentirmos nos seus contos, sempre autênticos, um leve roçar de Erico Verissimo e Eça de Queiroz. Essa é a gênese de seu processo criativo, que lhe sussurra versos gaúchos (muitos de sua própria autoria) e fados portugueses; que revela sua intimidade com a poesia de Mario Quintana e Florbela Espanca, sendo ela mesma uma Florbela que nasceu para ser feliz.
- Alcy Cheuiche, Porto Alegre - Feira do Livro de 2017.