Descrição
Dez novos escritores contemporâneos: Meu trabalho tem algo do antigo ofício das parteiras: ajudei meus alunos a darem à luz este livro, como novos escritores. Assim, por conhecê-los desde que nasceram para a literatura, vou apresentá-los ao leitor:
Almir é um caxiense do sul que guarda intactas as tradições da eterna Itália. Seu personagem predileto, Bepi, dá colorido a todos os seus contos, parlando e gesticulando com autenticidade. Ainda o veremos de novo, certamente, pois Bepi merece um romance todo seu.
Cláudio é um gaúcho globettroter, que circula da ciência à arte com desenvoltura. Agora decidiu dedicar-se à ficção, e somos nós, seus leitores, que saímos ganhando. Poliglota, recheado de cultura universal, transpira a riqueza de sua filosofia de vida em cada conto.
Fernanda é doce em suas narrativas, mas com a doçura do mel colhido diretamente nas colmeias ou no pólen das flores. Sua personagem, Lara, nos fala muito do amor. E nós vivemos com ela, em cada conto, a beleza e a tirania dos afetos.
Graciema escreve com a naturalidade de quem nasceu para o ofício. Na maioria dos contos transita pelos velhos tempos, no campo e na cidade, conduzindo-nos com segurança, mas sem saudosismo, sempre atual em seus conceitos. Como diz uma personagem sua: Assim como morremos muitas vezes, também renascemos outras.
Helena, de maneira surpreendente, dá vida ao boneco Rambo e o faz amigo da menina Morgana, o que provoca a seguinte indagação: Quanto vale a vida de um boneco? Para nós vale muito, porque nos devolve a infância. E melhor ainda, pelas mãos da escritora, Rambo abandona a antiga violência, sendo reprogramado para amar.
Heliane, com H, porque o pai era Hélio, como o sol, ganhou o dom de nos iluminar com suas histórias. Em algumas delas senti o arrepio da verdadeira emoção e, naquela das pitangas, meus olhos se encheram de lágrimas. E isso que ela reconhece, em sua apresentação, que está apenas começando este novo caminho.
Ney escolheu Porto Alegre como sobrenome literário, o que só honra a nossa capital. Porque, se prosseguir no rastro dos contos que anda escrevendo, com ousadia e realismo, vai certamente colecionar muitos leitores nesta e em outras querências.
Sida embarcou na Oficina já em andamento e foi um verdadeiro sucesso. Escreve com facilidade e alegria. E tem um dom fundamental: sabe transformar os fatos do cotidiano ou suas narrativas de viagens, como em O beijo do camelo, em contos que conquistam o leitor.
Viviane é escritora por parte de avô, de avó, de mãe e de filha. Muito posso dizer sobre ela, mas escolhi uma frase sua para o leitor saber com quem está tratando: O vento que ventava naquela tarde quase falava, quase gritava, quase abria as gavetas dos armários, quase nos levava à loucura com sua força apressada.
Zelmar só precisava de um empurrãozinho para libertar seu processo criativo. Homem culto, cheio de fé cristã, atento ao mundo profano, revela-se um escritor contemporâneo em todos os seus contos. Mas o último, que se passa numa favela, é a chave de ouro deste livro que tanto me honra. - Alcy Cheuiche